Não massacrem mais a bandeira nacional - II - A 1ª Dinastia


A primeira simbologia adoptada por D. Afonso Henriques era uma continuação da que era usada pelo seu pai, D. Henrique de Borgonha, no seu escudo. O escudo do Condado Portucalense era então uma cruz azul sobre fundo branco e, como era tradição na época, era a simbologia que D. Afonso Henriques portava no seu escudo de batalha.



A certa altura surgem os antepassados daquilo a que hoje nos referimos como as "chagas de Cristo", os besantes de prata, que derivam do nome da moeda então usada em Bizâncio, capital do Império Bizantino. Estes besantes teriam tido um duplo significado pois, para além de significarem uma valorização do escudo do agora Reino de Portugal numa afirmação de autonomia em relação a Castela, poderiam também ter sido cabeças dos pregos de aço que o agora rei Afonso I de Portugal teria colocado no seu escudo para o reforçar.

O que é certo é que, não havendo uma explicação definitiva para o seu aparecimento, estes besantes teriam sempre um número muito variável durante a Idade Média e o seu número actual só seria fixado definitivamente já no Séc. XV por D. João II.



Com D. Sancho I, filho de Afonso I, a cruz desaparece surgindo em seu lugar os escudetes, também conhecidos como quinas, com 2 deles deitados e 3 de pé. Esta poderá ter sido uma variação estética da cruz mas há outra explicação com cariz de lenda que diz que quando Afonso I passou o seu escudo ao seu filho, já pouco restava da primitiva cruz de tecido azul para além dos 5 pedaços que se encontravam ainda fixados pelos pregos.

Não sendo uma explicação na qual nos possamos fundamentar sem deixar de lado as dúvidas, certo é que o número 5 é um número privilegiado na heráldica, não sendo raras as vezes que encontramos brasões com 5 elementos no seu escudo. Os próprios besantes dentro dos escudetes do ecudo nacional seriam mais tarde fixado em 5.

Não será de todo descabido acreditar que esta evolução em relação à cruz de Afonso I, terá sido uma simples questão de... estética.




Com Afonso III "O bolonhês", irmão de Sancho II e bisneto de Afonso I, são introduzidos os castelos de ouro sobre uma bordadura vermelha que agora rodeia o escudo nacional. Tradicionalmente conotados com os 7 reis mouros que Afonso Henriques derrotou em Ourique, os 7 castelos que Afonso Henriques conquistou aos mouros ou ainda os 7 castelos algarvios conquistados pelo próprio Afonso III, estes castelos eram na verdade uma imposição pelas regras de então.

Não sendo filho primogénito de Afonso II, Afonso III não podia herdar o escudo nacional sem lhe impor alterações quando viu o Papa reconhecer Afonso III como rei em detrimento do seu deposto irmão Sancho II.

Estes escudos eram uma alusão ao reino de Castela (ainda hoje esse elemento está presente na bandeira da província de Castilla y León), simbolizando a forte importância deste reino na vida do monarca português filho de mãe castelhana e casado ele próprio com uma castelhana.
Estes castelos não tinham um número fixo e só mais tarde passariam em definitivo a ser 7.



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