Sendo seu grande admirador, foi com grande tristeza que tive ontem conhecimento da morte de João Aguiar, vencido por um cancro aos 66 anos.
Aguiar era um grande defensor da cultura portuguesa sendo, em contraponto, um profundo crítico da facilidade com que a população portuguesa tem tendência a assimilar tudo o que é estrangeirismo em detrimento daquilo que "é nosso".
Magoava-o o desrespeito pela escrita da Língua Portuguesa, progressivamente conspurcada por corpos estranhos e cada vez menos praticada com correcção. Aliás, como disse Alice Vieira, grande amiga de Aguiar, este era uma pessoa extremamente calma e a única coisa que o irritava era os erros de português.
Com publicação em Espanha, França, Itália, Alemanha e Bulgária, Aguiar deixa atrás de si um apreciável rol de obras destacando-se na ficção histórica, através da qual procurou retratar com rigor a realidade da Antiguidade no espaço territorial do Portugal actual. O seu último livro, "O Priorado do Cifrão", é, por outro lado, uma crítica mordaz e irónica aos "best sellers" instantâneos e aos seus sucedâneos, numa alusão clara ao "Código Da Vinci".
Com o seu desaparecimento, a cultura portuguesa fica mais pobre e, ao mesmo tempo, perde um dos seus mais acérrimos defensores.
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Foto: Hardmusica
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