Não muito longe do Ecomuseu do Zêzere, o Museu do Azeite está instalado no antigo lagar de Belmonte, do qual conserva ainda toda a maquinaria. Num percurso relativamente curto e bem assinalado, o visitante tem a oportunidade de conhecer todas as técnicas de produção de azeite, para além de aprender sobre a origem e a importância da cultura da oliveira (introduzida na Península Ibérica pelos romanos que exploraram em larga escala a produção de azeite).
À saída, para além de ser possível adquirir produtos regionais, de vinho a azeite, passando por doces e uma pasta de azeitona que fez sucesso junto de alguns elementos da comitiva do Blog do Katano, o visitante é "mimado" com uma prova de azeites, acompanhado por pão e broa... isto sim uma delícia!
Apesar de tudo, o aspecto mais original desta visita nada teve a ver com azeite. Ao chegarmos ao museu, deparámo-nos com o pânico da funcionária perante um exame de abelhas domésticas que havia escolhido o espaço entre uma janela do museu e as respectivas portadas para a instalação da sua colmeia. Aliás a senhora estava de tal modo condicionada que, quando chegámos e comentámos o cheiro que pairava no ar, ela tomou a palavra para referir que se tratava de insecticida, não nos deixando concluir que adorávamos o aroma a azeite e bolos que efectivamente havíamos sentido.
O primeiro piso consiste num espaço único no qual se encontram os tanques de armazenamento nos quais a azeitona era guardada antes de ser processada, sendo depois despejada através de uma abertura no solo que levava à moagem no piso inferior. Neste espaço encontram-se também os produtos regionais para venda, para além de diverso merchandising comum a todos os museus de Belmonte. Atrás da porta em madeira visível na fotografia estavam uns quantos milhares de abelhas domésticas em frenesim próprio de mudança de casa.
Vista para o piso inferior onde se podem ver as prensas hidráulicas onde a pasta resultante do esmagamento das azeitonas era prensada para extracção do azeite remanescente.
Pela Vila de Belmonte
Após o encerramento dos museus, dedicámos o resto do tempo a uma visita pela Vila, começando pela Igreja Nova onde se encontra a imagem de Nossa Senhora da Esperança, imagem que a firme e enraizada tradição local afirma ter acompanhado Pedro Álvares Cabral na sua viagem de descoberta do Brasil. O percurso continuou depois em direcção à antiga Judiaria, atravessando o centro histórico onde as casas conservam aqui e ali o seu figurino medieval.
Junto à Judiaria, ergue-se a relativamente recente Sinagoga Bet Eliahu, a concretização de uma aspiração de séculos da comunidade judaica que, em Belmonte, sobreviveu à opressão da Inquisição, continuando hoje em dia bem viva. Aliás, em Belmonte, encontra-se também uma empresa que produz produtos kosher assim como um cemitério judaico.
A moderna sinagoga Bet Eliahu (Casa de Elias), inaugurada em 1996 com a presença de Dan Tichon, então presidente do Knesset, o Parlamento de Israel.
O passeio pela vila terminou com o regresso ao Castelo de Belmonte para prosseguir depois viagem para Centum Cellas e para a Quinta da Fórnea.
O Castelo de Belmonte. São visíveis no pano de muralha as alterações resultantes da adaptação da fortaleza a palácio dos Cabrais. No centro a impressionante janela manuelina.
No canto nordeste são visíveis os vestígios da 2ª torre do castelo entretanto desaparecida. É perceptível a técnica de construção empregue que consistia, como era comum na construção dos castelos, em erguer duas paredes paralelas, consolidando depois o espaço entre elas com pedra irregular e entulho.
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