A árvore da paz


Gingko bilobas em Aldeia de Joanes
(clicar nas fotos para ampliar)

Por norma, sou contra a aparente falta de critério das autarquias na escolha das espécies de árvores para plantação em locais públicos, sobretudo quando as espécies autóctones são preteridas em favor de espécies exóticas que nada têm a ver com a geografia local. 

Neste caso, contudo, e mesmo que a escolha tenha eventualmente sido aleatória, este conjunto de árvores é muito interessante pela antiguidade desta espécie na Terra e também pelo simbolismo da sua ligação a um dos episódios mais tristes da História da Humanidade.

Este é um grupo de Gingko bilobas e foi plantado na localidade de Aldeia de Joanes, junto à estrada nacional nº 343. É uma espécie originária do Sudeste da China, único local do Mundo onde crescem em estado selvagem. Trata-se também de uma das espécies vivas mais antigas do planeta, existindo no registo fóssil de há cerca de 200 milhões de anos.

É também considerada um símbolo da paz e de longevidade por vários motivos. Um deles é o facto de 6 Gingko bilobas terem sobrevivido à explosão da bomba atómica em Hiroshima. Ainda estão vivos hoje (ver aqui). Outro motivo é o facto de os exemplares mais antigos desta árvore terem hoje cerca de 3.000 anos havendo inclusive estudos que sugerem que a longevidade da árvore é teoricamente infinita.

Neste grupo da Aldeia de Joanes, há pelo que percebi dois exemplares fêmea, sendo o restante machos. Isto é perceptível pelos pequeno frutos alaranjados que as fêmeas produzem. O Outono é a época em que estas árvores mais emprestam fulgor à paisagem, com as folhas, em forma de pequenos leques, a adquirirem uma intensa tonalidade amarela, tanto nas copas como nos tapetes que se vão formando sob as árvores.

Esta árvore é também usada para efeitos medicinais acreditando-se que ajuda nos processos de memória e cognição, embora haja quem discuta a sua real eficácia, assim como na cozinha tradicional chinesa.

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