Os Lagos de Plitvice - Menção honrosa nos melhores trilhos

Após ter publicado o artigo sobre os 5 melhores percursos de caminhada que já fiz, algumas pessoas questionaram naturalmente os critérios de escolha e a não inclusão de alguns percursos que mereciam figurar na lista. É claro que uma escolha deste género é sempre subjectiva e quanto mais curta é a lista mais difícil é compô-la e por isso é importante definir bem os critérios de avaliação. No meu caso optei pela beleza paisagística, valor histórico-cultural, convivência com a população local, sensação de paz e libertação proporcionadas. Isto porque, quando faço uma caminhada, procuro trazer sempre comigo algo mais que a simples memória de belas paisagens. A experiência será tão mais rica quanto mais aprendermos sobre o território que percorremos. Ao mesmo tempo, tem de ser um percurso que permita instantes de contemplação pacífica, a possibilidade de nos sentarmos a apreciar a paisagem sem perturbações.

É por isso que, por exemplo, percursos como os Passadiços do Paiva nunca serão parte da minha lista de favoritos. Ter de caminhar numa fila indiana interminável, onde inclusive há grupos que fazem questão de levar altifalantes para debitar os últimos sucessos dos arraiais populares, é algo que arruina completamente a experiência e relativiza por completo a beleza da paisagem. É algo que acontece de forma recorrente quando os lugares são vítimas da sua própria popularidade e se tornam objecto de massificação turística.

Os Lagos de Plitvice


Basicamente, foi por isso que não incluí o percurso que fizemos nos Lagos de Plitvice (Plitvička Jezera) na Croácia há 4 anos mas que, muito provavelmente entraria no top 10. Trata-se de um lugar magnífico, com uma sucessão de 12 lagos no meio de uma extensa floresta, pelos quais a água flui em cascatas de diferentes espectacularides e não é à toa que este Parque Nacional, o mais antigo da Croácia, está classificado como Património da Humanidade pela UNESCO.

É possível percorrer o parque por vários trilhos sinalizados, de diferentes dificuldades, e pode-se até fazer parte do percurso num dos ferries que atravessa o lago maior. Na altura optámos por percorrer as zonas mais próximas dos lagos e aí experimentámos o efeito da massificação, com alguns "engarrafamentos" no percurso e filas para entrar nos ferries, isto apesar de a entrada no parque ser paga (se não fosse seria uma catástrofe). Uma pena. 

No entanto, houve partes que conseguimos percorrer de forma totalmente tranquila (bastava subir um pouco) e isso permitiu também apreciar da melhor forma toda a biodiversidade do local.

O facto de termos ficado alojados perto dali, numa aldeia com 6 ou 7 casas, uma antiga estância de Verão do Estado-Maior do General Tito, ajudou a enriquecer a nossa experiência. O nosso anfitrião, o fantástico Tomislav, que cozinhava todos os dias para nós, revelou-se um excelente conversador apesar de ter sido necessário ajustar o protocolo de comunicação: nós falávamos em inglês, ele falava em italiano e a comunicação era facilitada por uma bela garrafa de Dingač. Correu às mil maravilhas. Foi aliás graças a ele que ousámos aventurar-nos numa base aérea militar subterrânea abandonada. (Recordar aqui)

Aqui ficam algumas fotos:


Uma das muitas cascatas


Engarrafamento pedestre num dos passadiços

Vista mais ampla de dois lagos e das cascatas


Felizmente o nosso mau domínio do croata não nos permitiu perceber os avisos de interdição de passagem neste acesso alagado


A cascata maior

Vista de uma secção da rede de passadiços

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