A controvérsia das podas radicais também na Bélgica

De há uns anos a esta parte, tornou-se frequente ver árvores na via pública que foram alvo de uma poda dita "radical".  Trata-se de uma intervenção que bem se poderia chamar poda à Luís XVI, uma vez que as árvores são pura e simplesmente decapitadas e as consequências não são meramente estéticas.

Este tipo de prática coloca em risco a própria sobrevivência das árvores, que são obrigadas a recorrer a todas as suas reservas energéticas e nutrientes que puderem obter para conseguir recuperar o seu vigor. Se a árvore não tiver acesso a essas fontes de energia fatalmente morre. Temos muitos exemplos disso no Fundão e ao redor e a prática tem gerado alguma contestação e não é só em Portugal.

Árvore junto à N238 em 2004


A mesma árvore alvo de poda radical em 2009. A árvore acabou por morrer, juntamente com outra de porte idêntico mesmo ao lado.


Há dias, ao passear por alguns parques da cidade belga de Liège, deparei-me com algumas ávores mortas que, ainda assim, tinham sido deixadas de pé no seu local de sempre. A razão para tal é o facto de, agora que estavam mortas, serem a base para todo um novo eco-sistema saprófita (organismos que se alimentam de madeira morta).


Uma delas chamou-me particularmente a atenção. Tratava-se de uma árvore cujo perímetro tinha sido delimitado por uma cerca e junto à qual se encontrava um painel informativo dizia o seguinte:




"Árvore morta de interesse biológico

Esta árvore morta ainda de pé serve de substrato para o desenvolvimento do complexo saprófita (musgos, fungos e insectos que decompõem a madeira para se alimentarem dela).

A árvore foi sumariamente podada para indicar que não se tratou de um esquecimento dos serviços técnicos comunais NEM DE UMA PODA RADICAL"

Sobressai aqui a preocupação em fazer saber que a árvore não morreu em resultado de uma poda radical. 

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