Tourada SangriAgosto - Um tremendo erro tipográfico de casting

Na sua edição do passado dia 1 de Agosto, o Jornal do Fundão dá grande destaque à polémica gerada em torno da realização de uma tourada no Fundão, integrada no cartaz do festival anual SangriAgosto. Exposição de argumentos e polémica à parte, aquilo que se retira deste artigo é um facto inusitado: ninguém assume a organização desta tourada! O Fundão, cidade que vinha lutando por passar uma imagem de progresso e inovação, pode estar aqui no limiar de uma fantástica inovação, a do primeiro evento realizado por geração espontânea. É sem dúvida um facto digno de registo.

Nos cartazes, a informação é taxativa: "Organização: ACICF". Tanto nos primeiros como nos que depois foram afixados agora com a referência ao apoio da Vinolive, empresa que chegou a ser apontada como a organizadora do evento mas que também o negou ao JF, declarando estar convencida que a responsabilidade da organização era mesmo da ACICF. Ao Jornal do Fundão, o presidente da ACICF, Rogério Hilário, afirmou tratar-se de... "um erro tipográfico"!

Os contactos telefónicos tidos com a ACICF também não ajudam a trazer luz a esta matéria, isto de acordo com algumas pessoas que ligaram para a ACICF e com as quais depois troquei impressões. 

Por exemplo, uma pessoa que ligou para a ACICF a 27 de Julho para apurar quem era o organizador relatou que "disseram que o organizador, é o director da associação comercial e que a acif só está a apoiar o evento!" (sic).

A mesma pessoa ligou esta semana e, ao perguntar se iria mesmo haver tourada, dada a contestação à mesma, terá sido tranquilizada com o argumento de que "tudo estava tratado e licenciado"! A versão quanto ao organizador era agora diferente. Este não foi agora revelado mas a ACICF assumiu-se como colaborante em tudo, respondendo por ele e tendo colaborado na logística, nas licenças, nos seguros e na publicidade. É pois legítimo perguntar: se a ACICF não organiza, o organizador faz o quê afinal? Só recebe o dinheiro?

Quem ligou para dar voz à sua contestação teve menos sorte. Isso mesmo relatou uma pessoa que ligou por estes dias e a quem foi dito que "por ordens superiores, não respondiam por telefone a questões sobre a tourada e que todas as perguntas deveriam ser enviadas por e-mail". Espero que não se tenha dado ao trabalho de escrever esse e-mail pois eu próprio enviei um à ACICF no passado dia 26 de Julho e ainda aguardo resposta. Parece-me a mim que solicitar que as questões sejam colocadas por e-mail não passa de pois de uma forma diplomática de despachar estas pessoas incómodas.

Ao tremendo erro de marketing que foi a inclusão desta tourada no festival SangriAgosto, a ACICF parece querer juntar uma desastrosa estratégia de relações públicas, que só serve para minar ainda mais a sua imagem perante o público.

Perante isto e dado que tem, segundo fonte da CMF, assinado toda a documentação entregue neste processo, aquilo que parece é que a ACICF não esperava esta onda de contestação à sua iniciativa e tem agora receio em assumi-la como sua. Continuar a negar que é organizadora e manter a tese de ser apenas "facilitadora do processo administrativo" (sic) não faz sentido algum.

Todo este mistério está a deixar-me intrigado, de tal forma que tenho receio até de nem conseguir ter a paz de espírito necessária para usufruir plenamente do habitual almoço de fim-de-semana em casa dos meus facilitadores de processo germinativo, facilitadores de processo de formação académica e ainda facilitadores do processo de herança de imóveis. Falo dos meus pais, obviamente.

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