Ilhas Cíes, as iIhas dos Deuses!

Mesmo por poucos dias, apenas 6, estas férias foram perfeitas para descontrair. O roteiro passou novamente pela Galiza (que bem que se está por lá...!), mais concretamente pela zona de Vigo. Desde a nossa última passagem por lá que tínhamos ficado com vontade de dar um pulinho às Ilhas Cíes, na embocadura da Ria de Vigo e desta vez fomos mesmo. Posso já dizer-vos que valeu bem a pena!

As Ilhas Cíes formam um arquipélago de 3 ilhas que, juntamente com as ilhas de Ons, Sálvora e Cortegada, formam o Parque Nacional das Ilhas Atlânticas, junto à costa galega. Às Cíes chega-se de ferry, tanto a partir de Baiona como de Vigo. Dada a maior diversidade de horários, foi a partir de Vigo que também viajámos. 

No embarque fomos surpreendidos pela entrega de um saco de plástico a cada passageiro. Logo aí se viu a diplomacia do povo galego que, para evitar dizer "Toma lá para o caso de enjoares durante a travessia" (que dura cerca de 40 minutos), optou por usar a desculpa de aquele saco se destinar a que cada passageiro aí pudesse guardar o seu lixo, trazendo-o novamente no regresso, dado não existirem contentores nem sequer papeleiras nas ilhas Cíes.


A Ilha do Meio (ou do Farol) e a Ilha Norte (ou do Monteagudo) parecem uma só


Na chegada é impossível ficar indiferente à vegetação que cobre as vertentes das ilhas viradas para a Ria


É interessante saber que as Ilhas foram habitadas desde a proto-História, tendo aí existido um castro que mais tarde foi romanizado. Durante a Idade Média, instalou-se por aqui uma comunidade monástica mas os sucessivos ataques de vikings, piratas turcos e mais tarde piratas ingleses, como o famoso Francis Drake, que usavam depois as ilhas como base para saquear a Ria, levaram ao progressivo despovoamento das mesmas. Ainda se instalou por aqui, muito mais tarde, uma unidade de salga de peixe mas as ilhas já não tinham qualquer habitante nem presença humana na década de 1970.

Francis Drake, despovoador das Ilhas Cíes, teve ainda tempo para capturar a Corunha, Vigo, Peniche e a Fortaleza de Sagres, só para irritar os espanhóis, durante a união ibérica de 1580-1640. 

Actualmente a entrada na ilha está limitada a 2.200 visitantes diários, por questões ambientais, sendo possível pernoitar no parque de campismo junto à praia.

Um aspecto que torna as ilhas muito mais bonitas é a diferença entre a costa virada para a Ria, de declives muito mais suaves e com praias, e a costa atlântica, toda ela de arribas. Grande parte das ilhas está coberta por floresta. Tratou-se do resultado de uma campanha de reflorestação que, por falta de critério na escolha das espécies (optou por pinheiros e eucaliptos), levou ao desaparecimento da meia dúzia de nascentes que por existiam nas ilhas.

Ilha de Rodas, língua de areia que une a Ilha do Meio (do Farol) à Ilha Norte (do Monteagudo). 


A nossa visita passou pela Ilha do Meio e pela Ilha Norte, unidas por uma língua de areia que forma a praia de Rodas (1,3km de comprimento), considerada pelo tablóide britânico The Guardian como a melhor praia do Mundo. A temperatura da água é que podia ser um pouco mais alta dado que, assim como está, envolve vários riscos e cuidados a ter. Assim, pude comprovar in loco, que o banhista beirão sofre um bocado para entrar na água mas, o lado positivo é que, a partir do momento em que fica insensibilizado nas extremidades, estas deixam de doer. Ao sair da água convém, pelo sim, pelo não, contar as diferentes partes anatómicas para ter a certeza de que não se perdeu nada na água.

Já na água, pode não haver tubarões mas há rumores que dão conta da presença de perigosos cardumes de ultracongelados que investem sobre os banhistas.

Atrás da praia de Rodas, existe uma lagoa de água salgada que constitui um refúgio de várias espécies marinhas. O acesso a esta lagoa, tal como a várias zonas da ilha está proibido para não perturbar a fauna e a flora.

Lagoa de água salgada atrás da praia de Rodas



Aspecto da costa atlântica junto à Lagoa. 

Nestas duas ilhas existem 4 percursos diferentes de caminhada. Tivemos a oportunidade de fazer 3 deles, começando pela subida ao monte do Farol da Ilha do Meio.

Vista para ilha Norte


O monte do Farol ali mesmo à distância de um zigue-zague.


Vista para a Ilha Sul (Ilha de São Martinho) onde também existe uma praia.

Piedra de Campá (do Sino), uma das muitas formações rochosas curiosas das ilhas.


Depois de um belo mergulho na Praia de Rodas, onde pudemos observar alguns corvos marinhos a pescar, fizemos mais dois percursos de caminhada. O primeiro até ao Alto do Príncipe e o segundo até ao Farol do Peito, onde tivemos de enfrentar uma das inúmeras gaivotas que povoam a ilha. Maior parte dos percursos é feita pela floresta.
 

Alguém quer adivinhar porque é que este ponto se chama o Alto do Príncipe?

Praia de Rodas, Lagoa e Ilha do Meio vistas a partir do Alto do Príncipe

Saída da floresta

De volta à praia de Rodas, antes do último ferry (20h15) que nos levaria de volta ao continente.

De volta a Vigo, numa viagem que nos ofereceu uma boa panorâmica da zona costeira da cidade, inclusive do monte do Castro, aproveitámos para conhecer o centro histórico da cidade...



...e subimos alguns barrancos também.



Quem for a Vigo tem de explorar a gastronomia com forte predominância, claro está, de marisco e pescado.   Embora tenhamos sido interpelados por alguns indivíduos, mais insistentes que alguns vendedores do Barclaycard que já tive a oportunidade de conhecer, que nos ofereciam a possibilidade de comer ostras a 1€ o prato, acabámos por decidir-nos por um simpático e sugestivo local chamado A Pita Louca.

Voltámos a provar o Caldo Gallego (que tão boas recordações nos havia deixado em Finisterra), uns fresquíssimos mexilhões "al vapor" e "pulpitos a la plancha". Estava tudo daqui! (Agora estou a segurar o lóbulo da minha orelha direita com o indicador e polegar da mão direita, fazendo subtis movimentos oscilatórios).

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