A origem desta prática parece contudo perder-se no tempo e entre as contemporâneas trapalhadas de Carlos Xistra e as cortantes sentenças de Salomão, é incerto o momento em que os árbitros deixaram de ser figuras respeitadas para passarem a ser foco de contestação.
Ora, soube-se por estes dias que um investigador canadiano de nome Michael Carter descobriu aquela que poderá ser a mais antiga declaração de protesto em relação à actuação de um árbitro, na forma de uma lápide funerária romana com cerca de 1.800 anos de idade.
Nesta lápide, pertencente a um gladiador de nome Diodorus que provavelmente será a figura em pé, o investigador afirma poder ler-se "após derrubar o meu adversário, não o matei de imediato" e ainda "o destino e ardilosa traição do summa rudis mataram-me".
Este summa rudis era, digamos assim, o árbitro que supervisionava os combates de gladiadores, zelando pelo cumprimento das regras dos combates que, não sendo conhecidas com rigor, pressupunham no entanto que:
- se um gladiador fosse derrubado poderia pedir misericórdia e se esta fosse concedida pelo munerarius, a autoridade máxima e o patrocinador dos jogos, o derrotado poderia abandonar a arena com vida;
- se um gladiador caísse por acidente, o árbitro parava o combate para que este se pudesse levantar e continuar a combater

Por ironia do destino, Diodorus acabaria por ser derrotado e morto neste combate, levando os seus familiares e/ou amigos a dedicar-lhe esta lápide funerária na qual não conseguiram calar a sua indignação em relação à decisão da arbitragem.
Informações e foto da lápide: MSNBC.com
Ilustração por Tim Hutchinson
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