A importância da liderança no rendimento de uma equipa

Nota prévia: este artigo não é sobre futebol mas sim o tema da importância de uma liderança positiva no rendimento de uma equipa para atingir os objectivos que lhes são propostos. 



A conquista do campeonato nacional de futebol pelo Futebol Clube do Porto fica inevitavelmente marcada pelo desempenho do seu treinador Sérgio Conceição, naquilo que foi um exercício de liderança digno de compêndios.

Não vou aqui dissecar a maior ou menor correcção das suas decisões técnicas mas merece sem dúvida ser assinalada a forma como dirigiu o seu grupo de trabalho, sobretudo se tivermos em conta as condições extremamente difíceis em que assumiu o seu cargo. Um verdadeiro caso de estudo para qualquer manual de liderança de equipas.

Convém não esquecer que, quando foi anunciado como treinador do Porto, foi olhado com uma certa desconfiança, o que não era de admirar dada a pouca expressão do seu currículo. Por outro lado, as severas restrições orçamentais, impostas pela UEFA, impediam a contratação de novos jogadores, obrigando à incorporação de activos que se encontravam cedidos a outros clubes e que, ainda por cima, não estavam motivados para regressar, devido às más experiências que tinham tido aquando da sua última passagem pelo Porto.

E o que fez Sérgio Conceição? Aquilo que qualquer verdadeiro líder, digno desse nome, deve fazer de forma a mobilizar a equipa ao seu redor para atingir os objectivos pretendidos:


  • fez com que os jogadores se sentissem valorizados no seio do grupo e no projecto da época e fê-los acreditar nas suas capacidades
     
  • definiu objectivos ambiciosos para a temporada e fez os seus jogadores acreditarem convictamente que tinham capacidade para os alcançar
     
  • motivou de tal forma os jogadores que conseguiu maximizar o potencial de cada um deles, aumentando de forma notável o seu nível de rendimento
     
  • geriu exemplarmente os conflitos, pondo o grupo acima de qualquer laivo de individualismo, não olhando a nomes nem currículos. Sanados os conflitos, a coesão da equipa nunca foi beliscada e os jogadores reintegrados continuaram comprometidos com o grupo
     
  • deu sempre a cara pela equipa e assumiu sempre as responsabilidades dos insucessos, acabando por ser o filtro de pressões externas de que a equipa precisava para se concentrar apenas no trabalho
     
  • Por outro lado, geriu muito bem as relações públicas, mantendo sempre um discurso coerente e convicto, o que ajudou a reforçar a sua imagem de liderança tanto para o exterior como para o próprio grupo de trabalho.

É certo que em alguns momentos cruciais, houve uma pontinha de sorte que fez a diferença mas, já o diz o adágio popular, a sorte sorri aos audazes. Por outro lado, não é menos verdade que, mesmo que não tivesse conseguido alcançar o objectivo principal, o título de campeão, a qualidade de trabalho desenvolvido seria inquestionável. É necessário ter em conta os recursos que lhe foram postos à disposição, especialmente se compararmos com os da concorrência ou até com os dos seus próprios antecessores.

Sérgio Conceição soube demonstrar de forma inequívoca o impacto que uma liderança forte e positiva pode ter num grupo de trabalho e na maximização das capacidades dos seus elementos. Soube demonstrar claramente aquilo que define um líder como antítese de um vulgar patrão.


Sérgio Conceição foi, enquanto futebolista, jogador das camadas jovens da Académica e do FCPorto, tendo depois passado enquanto profissional por Leça, Felgueiras, FCPorto, Lázio, Parma, Inter de Milão, Standard de Liège e tendo terminado carreira no PAOK da Grécia após uma breve passagem pelo Koweit.

Enquanto treinador principal passou pelo Olhanense, Académica, Sporting de Braga, Vitória de Guimarães e Nantes, antes de chegar ao FCPorto. Conquistou esta época o primeiro título oficial da sua carreira.

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