A tradição do Ramo de Santo António

O Ramo de Santo António é uma tradição que se cumpre em regra no chamado "Domingo Gordo", o último Domingo antes do Carnaval. Nesse dia, os "mordomos", percorrem as ruas das povoações, transportando uma vara ou mastro, indo de porta em porta para "pedir o ramo". Cada lar dá o seu contributo para o ramo, em regra chouriças, mas também há quem dê pão, broa ou apenas dinheiro. 

A data não é escolhida ao acaso pois era geralmente entre Dezembro e Janeiro que as famílias faziam a "matação" do porco, estando por isso os fumeiros domésticos bem recheados. Actualmente, a suinicultura doméstica chegou ao fim mas a a recolha do ramo não terminou.




No final do percurso, que pode ser demorado em função da hospitalidade dos habitantes, a população junta-se para leiloar as peças recolhidas. A verba obtida reverte depois para a comissão fabriqueira local que, tradicionalmente a deveria aplicar na festa de Santo António a ter lugar no Verão, daí a referência a Santo António.

No último fim-de-semana, juntei-me à comitiva que, na aldeia de Vale d'Urso e com uma interpretação flexível do calendário, saiu para a rua para pedir o ramo. Em processo de desertificação, a aldeia diminuiu no seu número de habitantes mas não na sua generosidade e hospitalidade. No final, praticou-se uma alteração positiva da tradição: substituiu-se o leilão pela entrega voluntária de 5 euros por parte de cada um e, logo de seguida, organizou-se uma bela patuscada, bem regada diga-se, para ser também ela dividida por todos os que quisessem participar. Esta fechou com chave de ouro, na forma de uma deliciosa canja de tordo!

Partilho aqui algumas fotografias para deleite dos olhos e da imaginação gustativa!














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