Começar o Domingo com 43km em cima de um selim

Readquiri recentemente o "bichinho" do ciclismo, isto após vários anos sem praticar a modalidade e já longe dos tempos áureos onde cheguei, por exemplo, a tentar um trajecto Fundão-Torre. Infelizmente, nessa ocasião fui forçado a desistir nas Penhas da Saúde por falência anímica do camarada que me acompanhava, não conseguindo chegar por isso à Torre. O regresso não foi ainda assim menos interessante, sobretudo a partir do momento em que os travões da bicicleta estoiraram. A viagem saldou-se pelo prejuízo de um par de sapatilhas, usadas como travões de improviso na descida da Serra da Estrela, e que chegaram ao Fundão sem sola.

Agora, após 1 mês de prática, já consigo ir um pouco mais além da volta ao quarteirão, como o constatei ontem ao fazer um circuito de cerca de 43 km pela Cova da Beira, passando pelas belas localidades de Valverde, Fatela, Capinha e Peroviseu.


O passeio até começou de forma bastante interessante quando, ao chegar ao centro da aldeia de Valverde, me deparei com pessoas alinhadas nos dois lados da rua principal, e que com a minha aproximação começaram a animar-se e a dizer coisas como "Olha! Olha!", "Vem aí um!". Foi quando percebi que estava a decorrer uma prova de ciclismo e que o seu percurso por ali passava. Não me intimidei e continuei em frente, até para usufruir um pouco deste súbito protagonismo.

O pior foi quando mais à frente as pessoas formavam um cordão no meio da rua, criando uma curva para uma rua secundária (o trajecto passava por ali), mas barrando-me o caminho. Felizmente, uma travagem em derrapagem e um sonoro "Com licença!" estão para uma multidão como o cajado do Moisés está para o Mar Vermelho e, com a colaboração especial de duas senhoras que redescobriram a agilidade de há uns anos atrás, pude continuar em frente. Apesar de tudo ainda ouvi alguém gritar "Então, pá? Já vais desistir?".

Por momentos, cheguei a recear que me acontecesse isto:


Um dos aspectos mais agradáveis desta volta foi a ausência de circulação automóvel, tanto na N345 como, embora menos, na N346, o que veio dar ainda mais encanto à paisagem.


Para trás ficou a Serra da Gardunha...


...enquanto para a frente se estendia uma enorme linha pouco sinuosa em direcção à Capinha.


À entrada da Capinha, vestígios de um inglês técnico peculiar que o Sol se vai encarregando de corrigir: Freguesia da Capinha, Freguesia "Wirelless".


Passagem pelo simpático centro da localidade:


... e um desvio até à Barragem da Capinha, um local interessante para passar um dia.


Voltando para trás, passa-se por Peroviseu e a Serra da Gardunha começa outra vez a ficar mais perto.

Já no Fundão, uma estreia absoluta. A minha primeira passagem pelo "Corredor Verde" paralelo à N18 ao longo da Zona Industrial. A ideia de ter um corredor verde é boa mas... foi mal explorada. Criar 600m de um circuito de lazer a cerca de 4km do centro da cidade não é muito convidativo (ainda menos quando alguém se lembra de aí colocar sinalização indicativa de zona de caça associativa). Porque não tentar expandi-lo, esticando-o até mais próximo do centro?

Agora, se me dão licença, é hora de ir fazer mais alguns quilómetros.

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