Depois da visita ao singular Forte Hackenberg, tendo em conta que era ainda cedo para regressar e tendo em conta a proximidade da fronteira, decidimos ir espreitar o que se passava do outro lado da fronteira franco-alemã. Pelo coerente critério da relevância do ponto no mapa, escolhemos a cidade de Trier para ser a nossa estreia em solo alemão.
Longe estaríamos de esperar aquilo que encontrámos ao chegar. Ao que parece, Trier é a mais antiga cidade da Alemanha, fundada pelos romanos como colónia em 16 a.C, chegando nesse período da sua história a ter 70.000 habitantes. Isso explica a profusão de vestígios romanos em excelente estado de conservação que impressionam pela sua monumentalidade. Trier chegou mesmo a ser capital imperial durante a Tetrarquia, período em que o Império foi dividido em quatro, chegando a ser conhecida como "Nova Roma".

A Porta Negra, a fortificação romana em melhor estado de conservação a Norte dos Alpes. Chegou a ser uma igreja dedicada a São Simeão que habitou num compartimento da Porta Negra, tendo sofrido diversos acrescentos que a descaracterizaram até que Napoleão mandou demolir os anexos que não era romanos, voltando a deixar a porta em evidência.

As Termas Imperiais. Nunca tendo sido concluídas, serviriam depois como fortificação durante a Idade Média.

A Catedral de Trier e a Igreja de Nossa Senhora.

Os campanários e torres sineiras são uma constante na paisagem.
Ao todo, a cidade tem nem mais nem menos que 9 monumentos classificados pela UNESCO como Património da Humanidade, sendo 7 deles de origem romana. Os restantes são a Catedral e a Igreja de Nossa Senhora.
É também obrigatório visitar a Marktplatz, a praça do mercado, onde, por exemplo, é possível encontrar a mais antiga farmácia da Alemanha, datada do século XIII. Os edifícios que delimitam a praça são fantásticos, lembrando uma cidade tirada de um conto infantil, dada a profusão de formas, cores e recortes que apresentam.

Um palácio junto à Marktplatz
Como não há bela sem senão, numa altura em já ponderávamos a hipótese de viver em Trier, fomos confrontados com um pormenor que inviabilizaria de todo essa disposição: o preço do café! Ainda não sabemos se o preço de 1,80€ se deveu à bolachinha, ao açúcar ou à bandeja que acompanhavam o café.

Aproximando-se a hora de jantar, decidimos procurar um restaurante simpático para o fazermos. A busca prolongou-se um pouco mais que o esperando, acabando por nos levar...

Aproximando-se a hora de jantar, decidimos procurar um restaurante simpático para o fazermos. A busca prolongou-se um pouco mais que o esperando, acabando por nos levar...

...até à cidade de Luxemburgo, capital do Grão-Ducado com o mesmo nome.
Obviamente, para não destoar, a cidade tem também um conjunto arquitectónico classificado pela UNESCO como Património da Humanidade, formado pelas ruas do centro histórico e pelas fortificações da cidade velha que estão rodeadas por um vale cavado, qual fosso natural sobre o qual se atravessam várias pontes. Infelizmente, a iluminação cénica deixa muito a desejar e, dada a hora à qual passeámos pelas ruas do centro histórico, apenas conseguimos ficar com uma ténue ideia da monumentalidade das fortificações.
Destacamos ainda a boa recepção da população residente no Luxemburgo (provavelmente até alguns luxemburgueses) que, para nos receber, saiu à rua com os melhores fatos e tirou da garagem os BMW, Audis, Porsches e derivados.

Uma ponte cruza a ravina que servia de fosso natural às fortificações da cidade velha de Luxemburgo (à direita)
No passeio pela cidade velha constatámos que, a passos tantos, havíamos entrado num pátio para o qual confluíam vários edifícios governamentais. Obviamente, estranhámos a facilidade de acesso e o facto de o portão do pátio estar aberto mas, ao fim e ao cabo, não estávamos no Luxemburgo? Sendo tão pequeno, toda a gente se deve conhecer.
O que ficou na retina foi também a profusão de edifícios modernos e de arquitectura extremamente interessantes que ladeavam a avenida pela qual entrámos na cidade, uma recta com cerca de 4km.

A câmara dos deputados e o palácio Grão-Ducal (à esquerda)
Depois de um reconhecimento prévio, optámos por um delicioso jantar de cozinha tradicional chinesa do Luxemburgo, após o que decidimos ir dar mais uma voltinha para fazer a digestão...



Contudo, e como a hora a isso aconselhava, foi altura de encetar o caminho de regresso que passou novamente pelo Luxemburgo onde -pormenor interessante- jantar num restaurante pode ser carote mas, pelo contrário, o combustível está mais barato que em Andorra. Não foi possível avaliar o preço do café.
Deste passeio fica a certeza de que Trier irá com certeza merecer outra visita no futuro.
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