Já que se fala de jornalismo...vamos a Penha Garcia





No passado dia 8 de Janeiro a aldeia de Penha Garcia foi alvo de uma pequena reportagem no programa Nós Por Cá, dando-se destaque na peça ao insólito que é existir um tanque de guerra num jardim público e cujo canhão, inocentemente (?) está apontado a Monsanto.

A Ana já me tinha falado dessa reportagem mas, por falta de tempo e oportunidade, ainda não tinha ido dar uma vista de olhos. Contudo, o Por Terras do Rei Wamba do meu caro Joaquim, atento como sempre, chamou em definitivo a minha atenção para a dita reportagem ao apontar o dedo a algumas incorrecções (chamemos-lhe assim) na introdução que nela é feita à localidade.

De facto, logo a abrir a peça, o jornalista faz uma verdadeira "entrada a pés juntos" à História de Portugal referindo com total tranquilidade que a localidade foi doada à Ordem dos Templários por D.Dinis em... 1510! A partir daí, a reportagem centra-se em definitivo no peculiar adorno do jardim a partir de um banco feito com um canhão retirado do castelo, Infelizmente, a verdadeira bomba já havia sido largada pois, em 1510 quem reinava já não era, curiosamente, o Rei Lavrador mas sim D. Manuel I, O Venturoso. Entretanto já o caminho marítimo para a Índia e o Brasil haviam sido descobertos, não por D.Afonso Henriques como alguns poderão erradamente pensar, mas por Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral, respectivamente.


A explicação oficial para o lapso

Fiquei obviamente preocupado pois, na sociedade actual que liga mais ao áudio e ao vídeo que aos livros, a televisão deveria assumir a responsabilidade de ser um veículo de informação e cultura (não estou a contar com a TVI, senhores) ou de, pelo menos, não induzir as pessoas em erro quanto, neste caso, à História de Portugal.

Indignado, escrevi um mail ao programa, chamando a atenção para o lapso e salientando que, apesar da distância a que Penha Garcia se encontra de Lisboa, nem na Idade Média as notícias da morte de D.Dinis demorariam quase 200 anos a chegar a esta aldeia.

Na volta, recebi uma resposta do próprio jornalista que, como justificação para o lapso que, segundo ele, foi detectado logo após a emissão da peça, referiu que no texto inicial havia duas datas relevantes: a da doação propriamente dita da localidade por D.Dinis aos Templários e uma outra, essa sim de 1510, referente ao Foral Novo atribuído por D.Manuel I. Contudo, por imperativos de redução do tempo da peça, o texto foi sendo cortado até que os dois eventos se misturaram na forma que acabou depois por ser difundida na televisão.

Seja como for, todo este caso é trivial tendo em conta os problemas que actualmente afectam Portugal e o Mundo, tais como a Recessão e o conflito na faixa de Gaza. Pessoalmente estou curiosíssimo para saber que medidas é que o General Junot, a partir do seu palacete na Rua do Alecrim, pretende tomar para combater o défice em Portugal. Quanto ao conflito na faixa de Gaza, espero que o presidente dos EUA, o Sr Thomas Jefferson, saiba usar do seu estatuto para levar as partes ao entendimento.

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