As Salinas Reais de Arc-et-Senans, classificadas pela UNESCO como Património da Humanidade, são o que resta de uma actividade industrial que aqui teve o seu expoente máximo nos séculos XVIII e XIX: a exploração do sal.
A concepção deste edifício em 1773 deve-se ao génio de Claude-Nicholas Ledoux, um arquitecto então com 37 anos, extremamente revolucionário para a época que chegou a ser o favorito do rei. Baseou-se no seu projecto utópico de "Cidade Ideal", uma cidade industrial onde, no centro, ficaria a casa do director, ladeando esta ficariam os edifícios de produção e, dispostos em círculo, os edifícios residenciais dos trabalhadores, com um espaço para os seus quintais. Idealmente, na periferia, situar-se-iam os edifícios para os diversos serviços de que uma cidade precisa mas, neste caso e por falta de verbas, apenas conseguiu implementar o que actualmente é visível.
O Sal era extraído de uma fonte salina, situada a 23km dali na localidade de Salins-les-Bains, actualmente uma vila famosa pelas suas termas. A água era aí aquecida para aumentar o grau de concentração de sal e injectada num sistema de canalização feito de troncos de árvore ocos que faziam chegar a salmoura a Arc-et-Senans.
A salmoura era depois aquecida em grandes recipientes metálicos para evaporar o resto da água e o sal era depois retirado e ensacado ou, como era comum, moldado em "pães de sal". Esta indústria era extremamente proveitosa para o estado devido à famosa "gabelle", um imposto sobre o sal extremamente impopular e injusto que levou inclusive a várias revoltas sociais.
As Salinas acabariam por fechar portas em 1895 devido à concorrência de fontes mais rentáveis de exploração de sal, tendo sido abandonadas. Acabaram em ruínas, pelo tempo mas também devido a um incêndio e a um relâmpago que destruíram a casa do director.
Na década de 1930 começou a ser restaurada mas acabaria por ser usada como campo de internamento para refugiados da Guerra Civil espanhola e, mais tarde, foi ocupada pelas tropas francesas e depois pelas alemãs, durante a II Guerra Mundial.
Classificadas como património Mundial em 1982, as Salinas acabariam por se tornar um Centro Cultural, sendo hoje visitáveis. Possuem várias exposições permanentes (a casa Ledoux e o museu do Sal,...) e temporárias (actualmente sobre o pintor Courbet e o projecto Solar Impulse)
É ainda palco de diversos eventos musicais e teatrais.
O espaço das hortas é actualmente usado para instalação temporária de jardins, fruto da criatividade de diversos arquitectos paisagistas.
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