Atendimento prioritário - O civismo imposto por lei


Entrou em vigor a lei que impõe regras de atendimento prioritário no sector privado, à semelhança do que já existia no sector público. A partir de agora, as empresas e instituições do sector privado estão obrigados por lei a dar prioridade no atendimento a idosos, deficientes, grávidas e pessoas com crianças de colo (e não crianças ao colo, que é um conceito ligeiramente diferente).

Embora já houvesse um conjunto de boas práticas em vigor em determinados estabelecimentos, como a existência de caixas de prioridade em hipermercados, o cumprimento destas regras de civismo era algo arbitrário, em função do humor e da ética de funcionários e demais clientes.

Não deixa no entanto de ser algo triste que um conjunto de boas práticas cívicas, que devia resultar da educação de cada um, tenha de ser imposto por lei. A verdaed é que esta é uma questão cultural e basta estar um pouco mais atento no dia-a-dia para perceber que a insensibilidade para com as pessoas que agora são objecto desta lei é frequente.

Lembro-me por exemplo daquela senhora que, cheia de pressa, estacionou de forma a ocupar logo dois lugares reservados a pessoas com deficiências. A única deficiência que se lhe percebia era meramente moral e talvez possamos por aí dar-lhe um desconto. Ou então aquelas pessoas que, percebendo que se encontrava uma grávida na fila para pagar, optaram por fingir que não a viram para não perderem a sua vez.

O facto de ser uma questão cultural é facilmente perceptível se compararmos a nossa realidade com a de outros países. Por exemplo, há alguns meses viajámos até Amesterdão, estando a Ana gravidíssima. A atenção e o cuidado que lhe eram sistematicamente dirigidos em transportes públicos ou estabelecimentos comerciais era de tal ordem que ela chegava a sentir-se mal por isso.

Seja como for, pode ser que esta lei sirva criar hábitos cívicos nas pessoas. Vai haver abusos? Claro que vai. Quem não se lembra dos tão emblemáticos e falados casos de pessoas que pediam crianças "emprestadas" a familiares para entrarem na Expo 98? Veja-se também os casos mencionados neste link. Creio no entanto que esta lei, com mais ou menos casos, acabará por ter um certo efeito pedagógico nos cidadãos, mesmo que venha a dar muito que falar. Só é pena ter tido de ser criada.

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