John Beale, o agente tão secreto que nem a CIA conhecia

Raro é o dia em que os media não nos dão conta da descoberta de fraudes, mais ou menos elaboradas mas esta, da qual tive conhecimento há dias, tem contornos de tal dimensão que não sei se fique escandalizado ou se ria às gargalhadas. Provavelmente vou fazê-lo de forma alternada. Senhoras e senhores, apresento-vos o Sr John Beale, um nome a reter!



John Beale foi durante muitos anos da EPA (Environmental Protection Agency), a agência governamental estado-unidense de protecção ambiental, ocupando uma posição destacada dentro da organização. E o que fazia John Beale dentro da EPA? Embora ocupasse o cargo pomposo de senior policy advisor, como perito em alterações climáticas, e sendo o mais bem pago dentro da organização, John Beale pouco ou nada fazia, passando maior parte do tempo na sua casa de férias em Cape Cod, a ler ou andar de bicicleta.

Aos seus superiores, Beale apresentou a desculpa de trabalhar à paisana para a CIA, justificando as suas ausências com o facto de se deslocar em missões ao Paquistão para lidar com os talibãs, ao serviço dessa agência de espionagem, algo que a EPA nunca se deu ao trabalho de confirmar, tendo continuado a pagar o salário de Beale.

Em 2008, chegou a passar 6 meses fora da EPA e ainda apresentou facturas de despesas relativas a 5 viagens à California, alegando fazer parte de uma equipa, que agregava várias agências de segurança, em missão de segurança e protecção dos candidatos às eleições presidenciais desse ano. Por coincidência, os seus pais moravam na Califórnia.

Não satisfeito com isso, Beale foi mais longe já que, para as suas viagens ao serviço da EPA, inventou um problema de costas para poder viajar sempre em primeira classe, ficando depois hospedado em hotéis de 5 estrelas. Tendo horário reduzido e a regalia de viajar sempre em primeira classe, a Beale só faltava mesmo um pormenor para se sentir realizado profissionalmente: um lugar de estacionamento privilegiado, mesmo à porta da EPA, coisa que conseguiu alegando necessidades de saúde por ter contraído malária enquanto combatia no Vietname. Obviamente, Beale não sofria de malária e tinha estado no Vietname o mesmo número de vezes que no Paquistão, ou seja, nunca.

Contas feitas, estimou-se que Beale lesou o Estado em quase 900.000$. Tendo sido finalmente apanhado e julgado, declarou-se culpado e foi condenado a restituir essa verba ao Estado, assim como cerca de 500.000$ a título de compensação, sendo condenado ainda a 32 meses de prisão, pena que irá cumprir se o seu estado de saúde o permitir, digo eu.


John Stewart e o caso John Beale:



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