Depois do Míscaros, fomos aos míscaros

Logo pela manhã, a Estrela parece estar a ser vigiada de perto por naves espaciais. Terão vindo admirar o primeiro nevão deste Outono?

Inspirado pela noite anterior no festival Míscaros, na aldeia do Alcaide, decidi dar um saltinho ao pinhal mais próximo para recolher mais alguns cogumelos para o jantar micológico entre amigos que se avizinha. Se há coisa que gosto de fazer no Outono, isso é sem dúvida passear pela paz das florestas aqui à volta e apanhar aquelas pequenas ofertas coloridas da natureza. Por outro lado, detesto chegar a um pinhal e ficar com a sensação que fui precedido por 300 javalis enraivecidos, que reviraram tudo, deixando atrás de si um cenário desolador.

Infelizmente, há recoletores que deixam o civismo em casa quando saem para o campo e, para além de deixarem o solo da floresta em pantanas (até a sachos recorrem!), dão-se ao luxo de arrancar e atirar para o lado os cogumelos que não lhes interessam, não pensando que aquelas espécies podem interessar a quem vier depois. Isto demonstra também um alto nível de ignorância no que diz respeito à importância dos fungos no contexto florestal. Muitos fungos são micorrízicos, isto é, ajudam a fixar nutrientes e água nas raízes das árvores, ajudando ao seu desenvolvimento. 

Ainda assim, no meio da devastação, foi possível encontrar alguns exemplares em muito bom estado e, usando roteiros alternativos, depressa enchi a cesta. O resto do tempo foi passado a identificar e fotografar alguns cogumelos bem fotogénicos, desde o míscaro amarelo até outras espécies que possuem a característica de permitirem que a pessoa que os consuma inadvertidamente saiba, com elevada precisão, quanto tempo tem de vida, geralmente não menos de 6 dias e não mais de 15. 


Míscaro amarelo / Tricholoma equestre


Um Cortinarius cuja espécie não identifiquei, talvez um Cortinarius armillatus. A cortina não deixa dúvidas quanto ao género.


Russula sardonia. Não é um cogumelo comestível mas, se a provarem (e deitarem fora!) vão constatar que é bastante picante.


Lactários, Sanchas, Raivacas ou Lactarius deliciosus para os amigos. No final da jornada descobri que, para além de salteados, também ficam muito bem quando grelhados e rematados com uns grãos de sal e um fio de azeite.


Míscaro amarelo / Tricholoma equestre outra vez


Sob um castanheiro, encontrei um pequeno "prado" de Ramarias, embora não tenha identificado a espécie. Não coincidem com as ramárias comestíveis que conheço e o tamanho é bastante reduzido.

Outro exemplar da mesma Ramaria.

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