O Banco Alimentar e o comércio tradicional


A campanha de recolha de alimentos organizada pelo Banco Alimentar, coincidiu este fim-de-semana no Fundão com as declarações da Associação Comercial e Industrial local, destacando a capacidade de regeneração do comércio dito "tradicional", num ano em que na cidade fecharam 29 estabelecimentos e abriram 19 novos outros. É impressão minha ou, a manter-se esta capacidade de regeneração digna de elogios, o comércio tradicional caminha para a extinção?

Numa cidade não muito grande, torna-se difícil ao comércio tradicional sobreviver em concorrência com 4 grandes superfícies, 6 ou 7 se incluirmos no rol as megastores chinesas. Por outro lado, também escasseiam as iniciativas que, de forma efectiva, consigam cativar os consumidores a abdicar do recurso às grandes superfícies (no Fundão, nem que seja pela diferença de preços praticados no estacionamento).

Há algum tempo atrás, alguém aqui chamou a atenção para o facto de as campanhas do Banco Alimentar serem mais uma oportunidade para as grandes superfícies engordarem ainda mais os seus já preenchidos bolsos e de facto assim é. Nestas alturas, as prateleiras de produtos secos e enlatados a ficam vazias a olhos vistos e, inclusive, chegam a ser instaladas para o efeito novas zonas de produtos, destinados precisamente a serem adquiridos para entregar ao B.A..

Porque não usar o pretexto da campanha do Banco Alimentar em benefício do comércio tradicional? Poderiam ser implementados pontos de recolha em locais estratégicos, onde os produtos pudessem ser entregues, fosse pelos consumidores ou pelos próprios estabelecimentos, houvesse apenas vontade de colaborar numa boa causa.

Da minha parte, decidi iniciar uma nova forma de colaboração nas campanhas do B.A.. Comprei o meu contributo numa loja do centro da cidade e fui entregá-lo numa grande superfície, perante o ar surpreendido de quem o recebeu. Só espero que ele não vá parar àquela senhora que recentemente comprou um apartamento e que vai com regularidade buscar mantimentos à Loja Social do Fundão...

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