Uma aventura no SNS

Ainda não refeito de um problema de saúde que me impediu de escrever aqui nos últimos dias (terá a febre sido provocada pela visita à colecção de malandrices da São Rosas?), finalmente hoje tive oportunidade para vir aqui matar o vício.

Estar doente é um bocado deprimente, sobretudo quando a reclusão nos leva a situações de degredo tal que somos literalmente "forçados" a assistir através do nosso imobilismo a séries televisivas que nos ensinam coisas tão interessantes como o facto de a sociedade humana estar dividida em humanos, humanos maus, vampiros e nerds. Contudo, nem tudo é mau. Convalescer tendo a nossa própria médica em casa, ainda por cima sendo ela dotada de uma imensa paciência, é de um valor inestimável!

Contudo, se pensam que o fim-de-semana foi todo ele marasmo, desenganem-se. Um facto significativo viria a alterar completamente a situação: uma visita ao SNS!

Depois de ter esperado apenas 3.45 minutos para ser atendido, já contando com o pagamento da taxa moderadora, deparei-me com um médico extremamente prático. Atrás do seu largo monitor, que mal deixava perceber o ultra-portátil, com uma pen de acesso sem fios de Banda Larga à Internet, no qual ia dedilhando a espaços, de imediato determinou que o único exame que interessava fazer era uma radiografia, dispensado formalidades escusadas como o exame objectivo (auscultação, observação,...).

Obtida a radiografia e tendo sido esta enviada pela rede para o seu computador (o grande, aquele que tapava o ultra-portátil com uma pen de acesso sem fios de Banda Larga à Internet), o médico começou primeiro por tranquilizar-me dizendo que não nada via de anormal. Subitamente, depois de um momento em que desviou por instantes o olhar do monitor, olhou para este novamente e exclamou de olhos esbugalhados: "O que é isto???!".

Ora, isto é sem dúvida algo que não é muito agradável de ouvir, especialmente vindo de alguém que se supõe que esteja a observar o que está a suceder no interior do nosso corpo e, naquele instante, confesso ter até sentido como que uma dualidade integrante de uma parte da minha anatomia, que me é muito cara, cair ao chão e rebolar até desaparecer por baixo do radiador.

Felizmente, não tive tempo de escrever mentalmente o rascunho para o meu testamento para lá das primeiras 5 linhas pois, logo a seguir, o médico acrescentou: "Eh pá, cliquei aqui sem querer e isto mudou de ecrã!". Não evitou contudo que eu ficasse de pulsação acelerada nos minutos seguintes.

No entanto, era necessário avançar um diagnóstico e foi isso que o médico tentou fazer baseado na radiografia e no meu testemunho, inquirindo de forma contundente: "Será que é Brucelose?", opção logo abandonada perante a minha discordância. Recomendou-me então, depois de me receitar alguns medicamentos, que, caso houvesse evolução a nível de sintomas, me dirigisse na Segunda-feira ao Centro Hospitalar para realizar análises adicionais, visto que o local onde nos encontrávamos no momento tal não era possível por se tratar de "uma verdadeira chafarica!" (sic).

Foi pois com um sentimento estranho que regressei a casa, algo desiludido por não ter conseguido apurar o que se passava comigo mas, ao mesmo tempo, extremamente aliviado por tal ter acontecido...

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