O míscaro amarelo - tóxico ou comestível?

O míscaro amarelo (Tricholoma Equestris / Tricholoma Flavovirens) é um dos cogumelos mais apreciados e um ingrediente tradicionalmente presente na gastronomia regional nesta altura do ano. Contudo, existe uma polémica crescente à sua volta uma vez que em França e Espanha (há um ano atrás) este cogumelo foi incluído na lista de espécies tóxicas tendo a sua comercialização e consumo sido proibidos.

Esta proibição surge como resultado de estudos que associam o consumo da espécie a casos de rabdomiólise, a degradação de tecidos musculares que acarretam depois outros problemas como a disfuncionalidade dos rins. Em França foram registados alguns casos mortais em que os pacientes haviam consumido míscaros em várias refeições nos últimos dias. Estes problemas parecem contudo associados a casos de consumo sistemático do míscaro pelo que o melhor mesmo será não abusar demasiado. Pessoalmente, desde a minha infância que me incluo no lote das muitas pessoas conhecidas apreciadoras do cogumelo sem nunca ter tido conhecimento de casos de envenenamento.

Por isso mesmo dediquei uma hora da manhã de ontem para um pequeno passeio de recolha do míscaro amarelo e que permitiu recolher também algumas fotos que ilustram bem as características desta espécie. Quanto aos cogumelos colhidos, foram bem empregues num belo arroz de míscaros que estava simplesmente d-e-l-i-c-i-o-s-o.



Um míscaro amarelo despontando do solo sob a caruma.


Um míscaro que não se destacou do micélio do fungo que lhe deu origem, tendo-se desenvolvido no seio deste. Convém recordar que o cogumelo é apenas a parte visível de um fungo destinando-se a disseminar os esporos desse mesmo fungo.


Afastada a caruma do pinheiro, os míscaros surgem como... cogumelos! Esta espécie não se destaca muito do solo pelo que há que estar atento aos montículos no substrato orgânico superficial do solo.


Uma pequena "horta" de míscaros revelada após afastar a caruma dos pinheiros que cobria os cogumelos. Colhidos os maiores (com uma faca e não arrancados) os mais pequenos foram deixados no local para se desenvolverem e atingirem a maturidade (passando assim a disseminar esporos), podendo também ser colhidos por outros apreciadores. O local foi novamente coberto com o substrato orgânico.

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