A sorte de se chamar Polanski




O caso Polanski é extremamente curioso e anacrónico. Acusado há cerca de 30 anos de ter tido relações sexuais não consentidas com uma menor de 13 anos, o realizador de origem polaca fugiu dos EUA para não ser condenado, tendo-se radicado em França. Apesar do mandado de captura emitido pelos EUA, Polanski nunca foi extraditado. O seu azar, motivado certamente pela sensação de impunidade, foi ter-se deslocado a Zurique, na Suiça, para receber um prémio de carreira no festival de cinema local. Aí a polícia não foi de modas e prendeu o realizador dado o mandado de captura ainda pendente.


O curioso é que de todo o lado surgiram vozes a apelar à libertação e ao perdão do realizador, escamoteando o mais elementar deste caso: o realizador é alguém condenado por práticas pedófilas e também um foragido à justiça... Contra os argumentos da fuga, os seus defensores alegam que o realizador viajou normalmente para o estrangeiro pois tinha uma casa em França. Curiosamente esta viagem foi antes da leitura da sentença e mais curiosamente, foi uma viagem que durou até hoje. Por outro lado também há quem alegue que não faz sentido, depois de tanto tempo, prender o realizador... É uma ideia interessante. Poderíamos por exemplo assaltar um banco e fugir para o estrangeiro, o Brasil por exemplo. A certa altura acabaria por não fazer sentido sermos presos... ou não? Estou agora a recordar-me de um certo senhor chamado Ronald Biggs que, vivendo 36 anos no Brasil depois de ter roubado 2,6 milhões de libras em 1963, foi preso ao voltar voluntariamente ao Reino Unido em ... 2001.


É sem dúvida uma sorte chamar-se Roman Polanski.


Foto: Wikipedia

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