Pirataria sim senhor, mas com autógrafo, se faz favor!

Se o lançamento de um livro é sempre um acontecimento relevante, de maior importância se revestirá se o autor do livro for um amigo nosso, mesmo que o tema do mesmo seja mais prático e menos, vá lá, literário, como a gastronomia.

Foi precisamente isso que aconteceu hoje, com a apresentação daquele que espero que seja o primeiro livro de um jovem que considero muito promissor e que é, sem sombra de dúvida, um grande cozinheiro.

O discurso de lançamento, tal como o prefácio do livro, foram da autoria do Chefe Hélio Loureiro, cozinheiro-chefe do Hotel Porto Palácio e da Selecção Nacional de Futebol (imperdoável o meu esquecimento, ao não o ter questionado sobre se os rapazes se andavam a alimentar mal, dadas as últimas exibições a que tivémos ocasião de assistir).

Sendo um evento onde há sempre um certo nível de formalidade e protocolo, não é menos verdade que, sendo um momento de convívio com amigos, alguns dos quais ausentes havia já algum tempo, há sempre espaço para um ou outro apontamento de irreverência que confiram um toque de humor ao cenário.

Criei por isso condições para levar a cabo uma pequena brincadeira que atingiu o seu auge no momento em que, após algum tempo de espera na fila, chegara o momento do autor autografar o meu exemplar.

Depois de lhe ter endereçado as minhas felicitações e votos de boa sorte, pedi-lhe desculpa por não ter comigo dinheiro suficiente para adquirir o livro, salientando no entanto que o mesmo era abusivamente caro, facto ainda agravado pela iminência da quadra natalícia, com todas as despesas esperadas daí decorrentes. Concluí dizendo que, apesar de tudo, fazia questão de levar um autógrafo do autor.

Sem lhe dar tempo para pensar, retirei um volume de fotocópias encadernadas de uma de muitas sebentas que guardo dos tempos do Ensino Superior, na qual havia colocado a fotocópia da capa do livro que estava a ser lançado, e coloquei-o defronte do autor pedindo então o tal autógrafo.

A gargalhada geral que se soltou, contrastava com o ar incrédulo do autor que ora olhava para mim, ora para aquilo que acreditava ser o primeiro acto de violação de direitos de autor da sua obra, o que, a ser verdade, seria de facto um recorde digno de figurar no Guiness como a pirataria mais célere de todos os tempos. Como resposta só consegui obter a exclamação "O que é isto?!" num tom de perfeita indignação ineficazmente disfarçada.

Finamente, após ter deixado sofrer um pouco o protagonista da noite, tirei um exemplar do livro de dentro do casaco e coloquei-o na mesa em substituição da sebenta mascarada.

Entre os sinais de uma gargalhada contida, ainda consegui mais uma frase do autor: "Até te matava...!".

Comentários

Visconde disse…
bandido...
havias de sentir a dor!!!
David Caetano disse…
Só espero é não sentir a dor de barriga na próxima jantarada que organizar baseada no livro.