Gaffe não programada

Terminei ontem finalmente o curso de formação pós laboral de Técnicas de Programação e que me obrigava a passar 2h de cada noite dos dias úteis na A23. Para dizer a verdade, passo tanto tempo na A23 que, caso um dia destes tenha de preencher qualquer formulário, me arrisco a escrever A23 à frente da palavra "Morada".

Não é que eu me esteja a queixar, porque se aceito um trabalho, não o faço sem ter total noção das suas implicações e não me assusta a perspectiva de me meter em algo que seja exigente a nível físico e psicológico, mesmo que isso implique dar 3h de formação à noite após um dia de trabalho.

Desta vez, o grupo era bastante interessante, muito heterogéneo em idades e competências o que tornou o desafio mais aliciante... e propenso ocorrências dignas de figurar na galeria dos melhores momentos cómicos.Em particular, houve um episódio que recordo vivamente.

Aconteceu logo numa das primeiras sessões, quando explicava às minhas formandas o conceito de algoritmo, que consiste basicamente em definir uma sequência de tarefas elementares, que constituem um processo destinado a atingir um determinado objectivo.

Consegui demonstrar que não existe uma linha de pensamento absoluta e que um algoritmo depende do raciocínio do autor, quando pedi que pegassem numa folha em branco e que fizessem uma bola. Se a maioria, condicionada pelo respeito pelo material, desenhou uma bola na folha, uma delas usou de uma abordagem pragmática e amachucou a folha dando-lhe a forma de uma bola.

O pior veio depois quando, procurando fazer ver que em tudo o que fazemos usamos algoritmos de forma inconsciente, pedi que descrevessem diversos algoritmos para tarefas diárias corriqueiras.

A certa altura sugeri que construissem o algoritmo para a tarefa de lavar os dentes e, nesse momento, uma senhora que estava na primeira fila sorriu....mostrando-me com isso que não possuía qualquer dente incisivo faltando-lhe também uns quantos caninos.

Duas hipóteses para sair daquela situação incómoda passaram pela minha cabeça. Uma delas consistia em apontar subitamente para a janela e chamar a atenção das formandas de forma veemente para o facto de o Elvis estar neste momento a passar pela rua. A outra consistia em deixar-me cair e fingir que estava a ter um ataque cardíaco.

De forma airosa, a própria senhora encontrou uma solução. Limitou-se a exclamar "Esse algoritmo, a mim, sai-me barato em pasta de dentes."

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