Até sempre camarada Padre Barreiros!

Para que a memória não se desvaneça, impõe-se um oportuno tributo a uma personalidade maior do Fundão que ontem foi a enterrar: o grande Padre Barreiros, pároco desta cidade desde que eu me lembro de ter pela primeira vez aprendido o conceito de pároco. Agora que falo nisto, acho que foi no mesmo dia em que aprendi o conceito de "idiossincracia" e ainda no mesmo dia em que aprendi a fazer crepes. Admito contudo que possa estar enganado.

Esta minha homenagem deve-se ao facto de eu ter tido a oportunidade de privar duas vezes com o Padre Barreiros de forma mais directa, para além de uns quantos convívios indirectos fruto da minha presença em vários casamentos e baptizados.

Recordo-me de uma vez em que ia na rua e, ao longe e em sentido contrário, percebi a aproximação do Padre Barreiros. Ao chegar perto de mim, olhou-me e, confundindo-me com outra pessoa disse-me uma única frase: "Boa tarde!". A minha resposta não se fez esperar e, sem o deixar respirar, de imediato lhe atirei também "Boa tarde!". Foi um bonito momento.

Também me recordo de um baptismo em particular em que, previamente, ele disse que o incomodavam muito aquelas pessoas que iam para a igreja armadas em turistas a tirar fotos, pedindo também que as fotos fossem tiradas no exterior do templo. No final, as coisas não correram bem assim e, no início timidamente até depois descambar num desenfreado movimento colectivo, todos começaram a fotografar os pais e o pequeno protagonista recém-entrado no clube da cristandade como se não houvesse amanhã.

Num casamento realizado também na igreja do Fundão, sob o ministério do Padre Barreiros, este declarou oportunamente, ainda a cerimónia não estava concluída, que seria agradável que as pessoas atirassem flores aos noivos um pouco mais longe da igreja pois esta havia sido limpa ainda nessa manhã e não queria que a sujassem de novo.

No final, tomados pelo frenesim próprio de alguém que tem pétalas e arroz na mão e acaba de avistar um casal de noivos, não foi dada aos protagonistas sequer a hipótese de verem a luz do Sol. No final, o exterior da igreja pareceu-me mais limpo que o interior.

Finalmente, recordo-me de uma outra ocasião em que, no calor de mais um noite boémia, eu e um grupo de indivíduos que não vou aqui identificar mas que não incluía de modo algum a Catarina, nos dedicámos a espalhar uma panóplia de preservativos, recém adquiridos num distribuidor próximo, pelo balcão da casa do insuspeito sacerdote.

São histórias que guardarei sempre com muito carinho num compartimento do cofre das minhas recordações.

Até sempre camarada Padre Barreiros!

Comentários

Anónimo disse…
Comovente...herege:P
Anónimo disse…
Eu já devia presumir que em blog que tu pusesses a unha ia sair disto, não era? *giggle*

Houvesse mais gente com a capacidade emocional de assim recordar alguém e o mundo seria de facto mto melhor ROFL.


*kisses*